Selim Chtayti/AFP – 30.06.2022
A China tira conclusões da guerra da Rússia na Ucrânia que a levam a se inclinar para o uso da força contra Taiwan, o que faz da invasão da ilha uma questão de tempo, estimou Bill Burns, chefe da CIA, nesta quarta-feira (20).
“Parece-nos que (a guerra na Ucrânia) não afeta realmente a questão de saber se os líderes chineses podem optar por usar a força contra Taiwan nos próximos anos, mas quando e como eles o farão”, disse o chefe da agência de inteligência americana durante um fórum de segurança em Aspen, Estados Unidos.
No entanto, Burns minimizou o risco de que o presidente chinês, Xi Jinping, tome medidas antes do final do ano, apesar de alguns analistas acreditarem que ele poderá fazê-lo após uma importante reunião do partido comunista no poder. “Esses riscos estão aumentando, parece-nos, quanto mais você avança nesta década”, analisou Burns.
Pequim provavelmente está “inquieta” vendo a guerra na Ucrânia, analisou o chefe da agência, que chamou o conflito armado de “fracasso estratégico” para Vladimir Putin, que acreditava que poderia derrubar o governo ucraniano em uma semana.
Burns acredita que a China interpreta isso como prova “de que vitórias rápidas e decisivas não são alcançadas” sem forte uso de meios militares.
“Acho que a lição que a liderança e os militares chineses estão aprendendo é que você precisa construir uma força esmagadora” para vencer, disse Burns, enfatizando a importância de “controlar o espaço da informação” e se preparar para possíveis sanções econômicas.
O chefe da CIA também considerou, em linha com declarações anteriores de Washington, que a China, apesar de seu apoio verbal, não fornece apoio militar à Rússia em sua guerra na Ucrânia.
Os Estados Unidos estão preocupados com o aumento da pressão militar de Pequim nos últimos anos contra Taiwan, uma ilha democrática que a China considera parte de seu território e pretende um dia recuperar.