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Dificuldade de aprendizado: conheça histórias de quem superou a dislexia

Claudia Scarpitta e Giulia Scarpitta Zuaid Mota: parceria no aprendizado

Claudia Scarpitta e Giulia Scarpitta Zuaid Mota: parceria no aprendizado
Arquivo Pessoal

Giulia odiava ler em voz alta diante da turma na sala de aula. Trocava as letras e gaguejava. Diogo chegou ao segundo ano do ensino fundamental sem saber ler. Nicholas passava os fins de semana estudando e não conseguia uma boa nota. Além da dificuldade de aprendizado, todos esses estudantes têm em comum a dislexia

Dislexia, discalculia e disgrafia são distúrbios de aprendizagem, que só podem ser diagnosticados por um médico. “Para chegar a esse diagnóstico, é preciso excluir as dificuldades que são inerentes ao processo de aprendizagem, problemas pessoais, TDHA (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) ou alguma deficiência intelectual”, explica Marisa Castanho, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

A dislexia é a dificuldade se caracteriza pela dificuldade na leitura. “Essas crianças têm dificuldade em decodificar aqueles sinais e de compreender; disgrafia consiste no espelhamento das palavras, quando não distinguem os sons de algumas letras ou a caligrafia é ‘muito feia’ e, por fim, a discalculia está relacionada a compreensão dos números e como aquele símbolo representa as quantidades.”

Para chegar ao diagnóstico, as famílias devem buscar a orientação de uma equipe multidisciplinar composto por psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e médico neurologista. Como o apoio de um grupo de profissionais Giulia Scarpitta Zuaid Mota recebeu o diagnóstico. “Percebi que minha filha tinha dificuldades na escola, logo procurei especialistas, fui até a ABD (Associação Brasileira de Dislexia) e passamos por um processo intenso para a Giulia estudar”, conta Claudia Scarpitta.

Com o apoio da coordenação da escola e da família, hoje Giulia cursa Odontologia, mas o processo não foi fácil. “Usava muito jogos educativos para auxiliar na albetização, percebi que as figuras ajudavam no processo, mesmo trabalhando como dentista, eu passava horas brincando e estudando, criava frases para que minha filha pudesse decorar a ordem dos planetas.”

Giulia contou com apostilas pensadas para estudantes com dislexia, confeccionadas em papel pardo, que refletem menos a luz e ajudam no processo de leitura. A escola permitia que ela fizesse as provas na sala da direção oralmente. Em casa, uma lousa branca com muitos desenhos auxiliavam nos estudos.

“Eu odiava ler em voz alta diante da sala, trocava as letras, gaguejava e por conta da minha dificuldade, eu não tinha interesse na leitura”, lembra Giulia. “Mas como sempre me interessei por história, comecei a ler mais e até participei da Olimpíada, hoje amo ler romances.”

Diogo Mesquita e Zilda Mesquita: investimento na parte pedagógica

Diogo Mesquita e Zilda Mesquita: investimento na parte pedagógica
Arquivo Pessoal

A dislexia também foi um desafio para Diogo Mesquita, o jovem peregrinou por diferentes escolas, repetiu de ano, mas sempre contou com o apoio — e o pulso firme — da mãe, Zilda Mesquita. “Investimos muito na parte pedagógica, acredito que dislexia não é muleta e valeu a pena o esforço”, avalia Zilda. 

Diogo é o caçula e como os irmãos não tiveram dificuldade na escola, a família achava que era preguiça. “Eu cobrava muito, mas no 2º ano ele ainda não lia, fizemos os testes foi confirmado que era dislexia, mas tudo é muito caro.” Além de estudar em escolas particulares, Diogo tinha uma agenda cheia com terapia, fonoaudióloga, aulas de música e musicoterapia. Hoje, ele cursa o ensino superior no Ibmec.

Nicholas Loureiro Kapáz enfrentou todo o período escolar estudando por horas a fio. Alguns professores consideravam que ele era “desatento” e “vagal”. A mãe Maria Eduarda Loureiro Kapáz, conta que o filho chegou a ficar internado por conta da pressão. “Ele tinha muita dificuldade, se cobrava e isso começou a afetar a saúde dele, até que ele ficou quatro dias em uma UTI, decidimos mudar de escola.”

Nicholas Loureiro Kapáz e Maria Eduarda Loureiro Kapáz: horas de estudo juntos

Nicholas Loureiro Kapáz e Maria Eduarda Loureiro Kapáz: horas de estudo juntos
Arquivo Pessoal

Como a escola nova, veio o bullying e nova mudança escolar. “Deixamos de fazer muitas coisas, eu e meu marido, para estudar com o Nicholas, um fim de semana inteiro e ele não ia bem nas provas, mas ele se propôs a vencer os obstáculos, sempre se desafiou e hoje é um leitor voraz, que cursa engenharia mecatrônica.”

A família se engajou tanto no processo de aprendizado do filho e hoje atuam como voluntários dando aulas particulares para crianças com dislexia que não possuem condições financeiras para continuar a estudar.

Para os profissionais que buscam compreender melhor o assunto, a ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia) realiza XII Congresso Brasileiro de Psicopedagogia e VI Simpósio Internacional de Psicopedagogos de 7 a 9 de julho.

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