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‘Nada mudou’, diz brasileiro em Xangai após governo anunciar flexibilização do confinamento

O brasileiro Fábio Bastos está em isolamento em Xangai desde o dia 25 de março

O brasileiro Fábio Bastos está em isolamento em Xangai desde o dia 25 de março
Arquivo pessoal

Os moradores de Xangai estão há mais de dois meses em uma quarentena intensa devido à política de Covid zero adotada pelo governo chinês. Apesar de algumas medidas aplicadas nos últimos dias para flexibilizar o isolamento, a rotina do carioca Fábio Bastos, que vive na cidade, continua a mesma.

“Nada mudou, não podemos sair de casa e tudo continua fechado no bairro onde moro. Em alguns lugares da cidade, poucas pessoas conseguiram sair, mas não por muito tempo”, conta o brasileiro.

O professor de jiu-jítsu chegou a Xangai em 2018, quando conseguiu a oportunidade de trabalhar na cidade. No ano seguinte, abriu com um de seus alunos uma academia, mas muitos planos que tinha para o empreendimento foram atrapalhados pela pandemia de Covid-19.

“Quando viajei para o Brasil para passar minhas férias, a pandemia começou em Wuhan [cidade onde os primeiros casos da doença foram registrados]. Foi um choque para mim, fiquei um ano sem conseguir voltar para Xangai”, conta Bastos.

“Eu cheguei em dezembro do ano passado, e a vida na cidade já havia voltado ao normal. Os casos de Covid começaram a voltar em março, então o governo anunciou que ficaríamos em quarentena por cinco dias, mas já estamos há mais de dois meses.”

Fábio está isolado sozinho em seu apartamento desde o dia 25 de março e diz que a política de Covid zero implica condomínios com cadeados nas portas e seguranças nas entradas. Além disso, quem pega a doença é enviado para centros de isolamento pelo governo chinês. “Os relatos que ouvi são muito ruins. Os lugares são muito precários, sem chuveiro, e a comida é péssima.”

Solidariedade chinesa

Em um processo de reabertura de Xangai, uma parte pequena do sistema de metrô voltou a funcionar e, desde segunda-feira (16), os estabelecimentos comerciais começaram a abrir progressivamente.

O professor de jiu-jítsu diz que enfrentou muitas dificuldades durante a quarentena para comprar alimentos e outros itens de necessidade diária. “O governo me enviou apenas três caixas com alimentos e com poucas opções. Graças a Deus conheci a solidariedade chinesa. Meus vizinhos me ajudaram muito nesse período e dividiam o pouco que tinham comigo para que eu não ficasse sem comer.”

O brasileiro mora em uma região de Xangai em que poucas pessoas conseguem se comunicar em inglês, mas diz que, apesar da barreira do idioma, os vizinhos fizeram questão de ajudá-lo. Os moradores do condomínio chegaram a ficar cinco dias sem poder comprar alimentos quando um deles contraiu a doença e foi mandado para um centro de isolamento.

A cidade de Xangai voltou a registrar novos casos de Covid-19 fora das áreas que estão em quarentena na última sexta-feira (20). Apesar das infecções, o governo pretende seguir com o plano de encerrar o isolamento em 1º de junho.

“Não acredito que a cidade será reaberta de uma hora para outra”, afirma Bastos, descrente do cronograma divulgado. “Os 25 milhões de pessoas que moram na cidade estão em lockdown porque no pico de infecções 25 mil casos foram registrados por dia. Para mim, esse número é muito pequeno para que uma população inteira seja afetada.”

 

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